Total de visualizações de página

quarta-feira, 7 de abril de 2010

PM sofre com sucateamento


A morte do policial Joelton chamou atenção da sociedade para a qualidade das armas utilizadas por policiaisPriscylla Meira
O caso do sequestro da família Maia, que culminou com a morte do soldado da Polícia Militar Joelton Carneiro traz, pode revelar, além da coragem dos policiais que arriscaram suas vidas em nome da função que escolheram desempenhar, a precariedade das condições de trabalho oferecidas a estes profissionais.A arma usada pelo soldado Carneiro durante a troca de tiros entre bandidos e policias no sequestro à família do empresário Herbert Maia, resgistrado no dia 30 de março, era de propriedade do policial. De acordo com informações de soldados, assim como Joelton, muitos deles compram armas por contra própria para garantir sua segurança, pois alegam que as armas da corporação estão sucateadas. "A gente prefere assumir o custo e comprar nossas armas que confiar nas que a polícia, que muitas vezes falham e nos deixam na mão", confessou um policial militar que preferiu não se identificar.De acordo com o delegado Geral Canrobert, da Polícia Civil, o uso de armas próprias em serviço é permitida, desde que as mesmas sejam registradas em nome dos policiais. "Eu mesmo já assinei várias para policias que preferem ter uma arma própria". Caso as armas não sejam regularizadas ou registradas em nome de terceiros, o policial é processado. Os policiais contaram que após um dos sequestradores atingir o soldado Carneiro nas escadarias do prédio, o soldado Fagner, que trocou tiros com os bandidos, pegou a arma das mãos de Joelton - uma pistola calibre 380 - e passou a atirar contra eles com uma arma em cada mão. Com a 380, Fagner chegou a efetuar 14 disparos, o que não seria possível com a arma fornecida pela corporação, que só possuía cinco munições. "Se não fosse a arma de Joelton, talvez agora estaríamos enterrando mais dois colegas", desabafaram os soldados. O outro ladoO secretário de Segurança do Estado, Gustavo Gominho, disse que não pode confirmar a informação divulgada pelos militares. "Acredito que essa história não procede, mas não vou dizer que é mentira. Sabemos que não em nosso Estado ainda não hápistolas suficientes para todos os policiais, mas no ano passado adquirimos 800 pistolas e mil coletes para a PM".Gominho revelou que até 2009 a polícia militar estava sem munição suficiente, tanto para o efetivo, quanto para o Centro de Ensino da PM. Segundo o secretário, uma única empresa produz munições no Brasil, a Companhia Brasileira de Cartuchos - CBC, e a Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba tinha um débito com empresa, que acabou suspendendo a venda até o pagamento da dívida, feita em 2009. "Realmente faltou munição. Tínhamos R$ 500 mil para comprar de munição, mas a empresa não liberava. Pode ser que essa suspensão tenha atrapalhado os alunos no Curso de Formação, mas em 2009 compramos todo o material".
Segundo policiais, militar usava a própria arma durante ação a serviço da PM Foto:Reprodução da TV Clube./D.A Press Disparidade As armas usadas durante a troca de tiros revela a disparidade do poder de armamento entre policiais e bandidos. Enquanto os policiais estavam armados com duas 38, uma pistola 380 (comprada pelo soldado Carneiro) e uma doze (arma que supostamente falhou), a dupla de sequestradores tinham nas maões armas de 9 milímetros, de uso exclusivo das forças armadas e da PF. A pistola de 9 mm ficou famosa por ser uma excelente arma de guerra, que possui alto poder de transfixação. Com um único disparo, o atirador pode atingir dois oponentes, pois o projétil atravessa o alvo da frente e atinge o que está atrás. Policiais que se formaram na mesma turma que Joelton contaram que durante o Curso de Formação da Polícia eles atiraram com uma arma calibre 12 (a arma que supostamente falhou durante o tiroteio foi deste calibre) apenas uma vez. "Não tinha munição e as armas eram muito antigas, mal funcionavam", disse um dos soldados, que preferiu não se identificar. Os policiais revelaram ainda que durante as aulas de prática de tiro com fuzis, das 12 armas utilizadas no treinamento, apenas duas funcionavam. Procurado pela reportagem de O Norte, o coronel Castro, diretor do Centro de Ensino da Polícia Militar, negou que as armas usadas no treinamento e após a formação, estejam sucateadas. Segundo ele, as armas de montagem e desmontagem utilizadas ficam desgastadas pelo excesso de uso".

Nenhum comentário:

Postar um comentário