Começou, às 9h50 desta quinta-feira (16), o último dia do julgamento do caso Eloá. A sessão teve início com os debates entre defesa e acusação. A primeira a falar é a promotora Daniela Hashimoto, que fará sua explanação por uma hora e meia. Em seguida falará a advogada de defesa, Ana Lucia Assad, também por uma hora e meia. Depois disso, se quiser, a acusação pode pedir uma réplica de mais uma hora que, se ocorrer, terá de ser obrigatoriamente seguida por uma tréplica da defesa, também por 60 minutos.
Depoimento de Lindemberg termina e juíza encerra 3º dia de audiência
A promotoria tenta mostrar que o réu é “mentiroso” e “não sente dor” pela morte de Eloá Cristina Pimentel, ocorrida em outubro de 2008. Antes do início da sessão, o assistente de acusação José Beraldo disse que vai mostrar um laudo que comprova que a adolescente foi atingida por dois disparos antes de morrer: um deles atingiu a cabeça e o outro, a vagina.
Ele também afirmou acreditar que Lindemberg pegará mais de 60 anos de prisão e será condenado por todos os crimes dos quais é acusado.
- Vamos mostrar tudo, inclusive que ele é mentiroso. Em dado momento, ele disse que deu tiro na Eloá quando ouviu estrondo e viu que ela estava se levantando. Mas o laudo mostra um tiro de cima para baixo. Ela estava deitada. E ele diz que não se lembra de ter atirado na Nayara, o que é mentira também, porque ele atirou, viu que ela, pobrezinha, mostrou o rosto ao ver a sua colega vitimada e ele deu um tiro no rosto da menina.
Segundo Beraldo, a acusação verificou que “não há arrependimento, amargura, sentimento de dor, nem perda” da parte de Lindemberg.
- Ele tenta se justificar pedindo perdão à mãe, isso não basta.
Especialista
Já para o jurista Luiz Flávio Gomes, o trabalho da promotoria não será tão fácil assim, pois a defesa de Lindemberg foi muito bem feita durante seu depoimento. De acordo com Gomes, ao confessar parte da culpa, o réu conseguiu ganhar a confiança dos jurados para a negação dos outros crimes.
...Lindemberg é acusado, no total, de 12 crimes. Além do cárcere e assassinato de Eloá Cristina, ele responde por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe contra Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá; por outra tentativa de homicídio qualificado, com finalidade de assegurar a execução de outros crimes, contra o policial militar Atos Antonio Valeriano; cárcere privado de Nayara e dos adolescentes, colegas de Eloá, Victor Lopes de Campos e Iago Vilera de Oliveira; cárcere de Ronikson Pimentel dos Santos, irmão de Eloá; e disparos de arma de fogo.
- Ele [Lindemberg] admitiu parte da culpa e negou parte, além de pôr em dúvida se o tiro que atingiu a Nayara partiu dele. A autodefesa foi muito competente, ele conseguiu articular muito bem o que falou.
O jurista diz acreditar que a promotoria terá que se esforçar durante sua argumentação para desconstruir a ideia que Lindemberg passou de que não teve a intenção de matar Eloá, o que pode ser um atenuante para seus atos.
Apesar de dizer que a condenação do réu é certa, Gomes preferiu ser cauteloso ao falar sobre a pena que ele pode pegar.
- A jurisprudência aponta que esses crimes podem resultar em 30 ou 40 [anos] de pena, mas isso é a juíza que vai decidir de acordo com o entendimento dela.
Depois das argumentações de acusação e defesa, os jurados deixarão a sala do fórum onde ocorre o julgamento e se reunirão a portas fechadas para definir se Lindemberg é culpado ou inocente. Após a votação, a sentença será definida e lida pela juíza Milena Dias.
Interrogatório do réu
Na quarta-feira (15), Lindemberg admitiu ter atirado em Eloá. Ele afirmou que baleou a ex-namorada quando ela fez movimentos que indicavam que ia se levantar do sofá onde estava.
- Foi tudo muito rápido quando a polícia invadiu. Ela [Eloá] fez um movimento que ia levantar do sofá e eu, sem pensar, atirei. Fiquei com receio de ela tentar tirar de novo a arma da minha mão. Foi tudo muito rápido doutora [juíza], eu não pensei.
A declaração foi dada quando a juíza questionou Lindemberg sobre a acusação de homicídio da ex-namorada dele. Enquanto relatava o que ocorreu naquele dia, em outubro de 2008, o réu chegou a embargar a voz e se mostrar emocionado. Ele disse, no entanto, não se lembrar de ter atirado em Nayara Rodrigues.
- Eu não lembro de ter atirado na Nayara. O último contato visual que tive com ela foi antes da invasão.
No início de seu depoimento, o réu também se voltou para a mãe de Eloá e pediu perdão pelo que tinha feito. Foi a primeira vez que ele deu sua versão do crime.
Fonte: http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/comeca-ultimo-dia-do-julgamento-de-lindemberg-alves-20120216.html
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